terça-feira, 27 de abril de 2010

Causa e desejo


Rabisco
nas entrelinhas
das estrelas
Letras de luas
na boca da noite.
Nas linhas abstratas
Desenhadas na pele
Aveludada
Do seu corpo,
Decifro a lei
de causa e desejo
Efeito do beijo.
Na brisa perfumada
dos seus cabelos
Meus dedos acariciam
A eternidade concreta
Da palavra amor.
Almejo, candura e paixão
Cobiço, a doçura e brandura dos teus olhos.
Entrego de mãos beijadas, meu coração.
Ah! Delicias...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Eclipse


o eclipse na noite
é um vazio de lua
onde a esperança
dói de dia
para dormir
nas madrugadas nuas.
no oceano branco,
o preto dos teus olhos
se afoga no mar de lágrimas
e, nas entrelinhas da poesia
em forma de serpente
a salvação comunga com o pecado
e a virgem se torna puta
nas páginas on-line.
e a águia pousa...

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Busco palavras


Busco dizer as palavras

E fico na procura apenas.

Ecoa minha voz nos teus ouvidos

Sem caracteres.

Sem bonecos

Nenhuma foto

Nada de textos arranjados.

Procuro sinceridade

No encontro de olhares.

Ser espontâneo

Na atração física.

Não me traduza,

No silencio das palavras.

Me escute

E, depois me cale

Na sua língua.

Jorge Rolim (23/04/2010)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

oceano dos olhos


A manhã se avizinha
Cheia de manhas,
Onde o silêncio reclama
Nas poucas palavras mudas
Um poema a muito esquecido
No canto daqueles olhos.

Percorro os traços marcados
Pelas mãos tremulas de carinhos,
Devorando o grito contido
Em cada segundo adiado
Pelas inúmeras noites de insónia.

Deparo com o áspero muro da distância
Erguido nas fronteiras do coração,
E com volúpia alucinada e rebelde
A saudade sangra no branco do papel
Desejos contidos em versos de brisas

E no frio da noite
As lembranças de alguém singra
No oceano dos olhos.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Reconstruindo


deixo-me viajar no amor
onde vou me definindo
nas horas passageiras
me reconstruindo
com um pouco de sim
e um cadinho de não.
reconheço
todas as pedras do caminho
são todas minhas.
encontro um rosto feliz
todos os dias naqueles olhos
decifra-me
naquelas canções
e tire todas as dúvidas
parte por parte
e me entendas.
na hora crucial, acredite
pois estarei nu e puro.
no silêncio da noite
ouça “Every breath you take”.


Como esquecer?


teu sorriso
me influencia de impossíveis...o dia anoitece.
revivo velhas fantasias
com insensatas alegrias... e beijos.
sei, não devo ir...
sei, não posso ficar... e vou...
quem sabe, talvez, a distância nos aproxime.
e nas paralelas encontre modeladas em si mesma
teu rosto, perfume e gosto... resto de uma flor.
e o corpo mudo grita nos movimentos...
outros tantos desejos.
como esquecer?
se te lembro nas linhas curvas
tatuadas de minhas mãos
e nas madrugadas sussurras obscenidades
de ir sem destino.
sinto as batidas do coração...e chove.
ouço “if you leave me now”.




sábado, 10 de abril de 2010

é...


é
no sentimento
rabiscados
onde encontro poesia
em forma de vinho reservado
um bom tempo
onde sinto o buquê quente
na alma.
memorizo
tantas saudades
do toque
como espinhos na pele
rubra a se abrir
em aromas persistentes
de rosas.
eternizo
o calor do abraço
o néctar do beijo
as unhas do desejo
e o sal do corpo
no gosto da língua.
é...
estrelas caem do céu.
e o copo no tapete.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Sal no rosto


Enfastiado...
Enfraquecido...
As lágrimas secaram
No rosto somente o sal.
E naquele momento sem alternativas
Rompi todos os limites
Fazendo pouco caso
Infringindo todas as minhas leis.
Não peço desculpas
E nem quero saber de culpas
Nem gastar joelhos nos degraus.
Lembranças são presentes do passado
Atrapalhando o futuro estatelado na calçada.
Os tons...os perfumes...as fotos daquele dia.
E na demora, cansei...
Mas, não me entrego
Mesmo com a guerra perdida.
Catei as flores do caminho.