sábado, 12 de setembro de 2009

lágrima


na falta
dos lábios
beijei
com os olhos
carregados
de saudades
e você
não sentiu.
não resisti
refaço
o caminho
de volta
contra o vento
deixando
na calçada
um pouco
de mim.
ah,
nesse contratempo
uma lágrima caiu.

tic tac


o tempo passa,
diante dos olhos
indo na frente
para o passado
percorro-me
onde estou
e deixo passar.
nem o gelo consegue,
nenhuma cola agarra...
o tempo.
não nos pertence,
mas podemos usá-lo.
impossível guardá-lo,
mas podemos gastá-lo.
uma vez findo,
jamais recuperado...
cada vez mais dou valor
aos encontros,
as chuvas,
ao sol
e as nuvens...
a esse tempo de poesias.
quanto tempo demorou
a criação das regras
a que nos sujeitamos agora?

heras

- teimam,
os minutos
nos segundos
ininterruptos,
escorraçar
as horas
nas folhas
brancas borradas
pelas lágrimas
de saudades.
- os poemas
retorcidos
de rimas ressequidas,
oferecem instantes
esfumaçados
na tela
sem paisagens
de um outubro qualquer.
- heras
ultrapassam muros
cobrindo as fachadas
fechadas aqui. Enquanto
o frio, congela o sol
nos olhos de quem ficou.
- os lamentos,
engasgam
as frases vazias
órfãs de palavras
cheias de carinhos
e o tempo arde
nas vontades
á flor da pele.
- os dias
nos seus enganos
apagam rabiscos
da mesa
onde morre
no último gole
o vinho doce
na boca amarga
e no cinzeiro
o cigarro
se esvai
nas espirais
da fumaça.
- poesias
são circunstâncias
inconstantes
onde surgem
o ontem
no hoje,
amanhã.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

descuidando


vou escrever
com cuidado
poesias...
despoemando
todas as rimas
vazias...
deixando
nas entrelinhas
do sorriso...
o beijo roubado
na tarde cinza
de segunda
depois
das três...
bem,
não sei
se é você
se sou eu...
só não
pode ser
nenhum
de nós
nas estradas
por ai...
no descuido
das mãos...
o suor frio
escorre
pela tez...
tem restos
de você
nas minhas
afiadas unhas...
desdigo
o perigo
da perda
pois a merda
da vida
sempre
tem volta
e testemunhas...
o juízo
afinal...
está
nas minhas
digitais
pelo teclado
do note book...
vou cuidar
do que escrevo
descuidando
dos meus ais...
deixando
tudo para trás
menos o amor
que aprendi
pelas estradas...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

à direita, em Campo Grande

Alô Campo Grande, Mato Grosso do Sul.. Seu verde é mais verde.. Teu céu mais azul..Alô Campo Grande não vou te esquecer.. Cidade Morena valeu a pena em ti nascer!!!

Bati à língua entre os dentes
escutando as palavras
frias dos teus olhos
tatuando no pensamento roto
as duvidas e sem perceber,
perdi o achado, e outros,
dentre tantos, e fui esquecido
no canto obscuro da cidade.
Dancei, nas paralelas
do meu cansaço
pelo vazio das suas
estradas obstruídas
pelo senão dos passos
marcados nas rugas do rosto.
Minha atenção eu sei, ou sinto,
são para os momentos
das horas encobertas
pelo pó das vicissitudes
dos minutos. E agora?
Sigo só pelos muros da indecisão
desnorteando as linhas
curvas da poesia.
E a aranha dos dedos
tecem suas teias, no entanto,
não prendem as lembranças perdidas.
Ah, fico então a sorrir
à direita, em Campo Grande,
sentindo a distância de alguém.
Desencontro-me, e,
no retrovisor dos olhos
os seus reaparecem,
causando arrepios
na pele dormente
pelos ventos frios
dos caminhos
do Mato Grosso do Sul.
Mas, ao me ver sem ela
a dor e a solidão
escancaram na janela
desfazendo o céu azul
nublando os olhos meus
deixando na placa ao longe
os olhos seus.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

a chuva


a chuva,
se sobressai ao sol,
cobrindo a mata
com gotas de cristal
desmanchando o barranco
em um rio de barro
pelas ruas da cidade
começa a festa
na tarde coberta
dos pássaros nas árvores
embaladas pelos ventos
de uma nova estação
e canta-se (ou ouve-se)
a nostalgia melódica
e triste da canção
vinda da moça na parada
a espera do amado distante
o rumor de uma lágrima
singrando pelo rosto
se mistura a fragrância
ouro dos cabelos molhados
e ainda desliza longe
descendo rumo ao coração
pois é certo a demora do reencontro
sendo o possível ainda impossível
renasce na iris
a esperança...e desviou
a tristeza dos seus eixos.
a tarde se torna longa, longa
na chuva caudalosa,
com seus segredos
a se decifrar
os passos da moça agora
dança na chuva
ganhando sabor
e a alegria a mantêm em êxtase
por breve momento
os carros quase param
e os sorrisos afloram
na fragrância doce do perfume
a escorrer dos cabelos ouro
como acordes de um violão
num happy hour no meio da rua
na tarde chuvosa.
...e o meu pensamento
completa o espaço apertado, mesmo
ao vento de tão largas avenidas de Brasília.

domingo, 6 de setembro de 2009

chuva na tarde


por causa das chuvas
as tardes escurecem.
há um breve despertar.
flores renascem
em jardins de pouco verde
confirmando as águas de setembro.
é sempre primavera
mesmo quando travestido de inverno.
um dia assim
em tons de cinza em demasia
contrasta com os tons castanhos
dos teus olhos.
(parece tão tolo mas para mim bastariam muitos dias assim)
avessa a tudo
a saudade
impõe-se ao meu desejo de chuva
poesias
de amor
e desamparo.
( o ataque da solidão está a dar cabo de mim)

Charles...desculpa


Um dia desejei ter um cão.
No dia seguinte
Estava o Charles em minha casa.
Destruiu tudo o que havia para destruir.
Lambeu e babou tudo o que desejou.
Um dia cresceu...
Um dia cresci e sai… para longe.
Morreu sozinho!
Morreu por estar só!
Ainda hoje não me perdoo.
Onde estejas Charles… desculpa!
Onde estejas Charles...obrigado!
Pelos dias maravilhosos
Jamais esquecidos.

em mim


(Em mim) sobram palavras, mudas
Escorridas nas lágrimas noturnas
A mente não diz a verdade
E nas poesias escondo
o nome de alguém
(Em mim) falta abraço no apoio
Trigo no joio
Sangue na veia
Seringa na agulha
Linha na costura
(Em mim) resta o olho cegando tudo
Sempre tão perto dos medos
E o amor tão longe...
Sendo o que não devia ser
Só saudades...

a sonhar contigo


...escrevo
nas linhas tortas da poesia
o peso das saudades.
...retrato
no reflexo do espelho
sorrisos de felicidades.
...leio
no desvão dos olhos
o dia incompleto de ontem.
...apesar de tudo
o amor resiste nas penas
do que há de ser
embora não seja.
...planejo
e o coração executa
apesar da ânsia.
...desisto
da chuva sal na vidraça
antes do eclipse dos olhos.
...e durmo
a sonhar contigo.

ampulheta


Sorri
No fundo escuro
Onde as curvas do corpo
Ampara no reboco do muro
Fomes e desejos.
Acaricia
No jardim a pele em flor
Escancarando a boca
No instante esperado
de gozo e dor.
Aperta
O peito nos sonhos
Sustentando a coragem
Ancorando os olhos vazios
Na miragem do tempo já vivido.
As distâncias atormentam.
O prazo de vida vencido
Anuncia na ampulheta
O momento da volta.

dores


Das muitas dores
Esqueci tantas.
Algumas calaram nas frases vazias,
Expandindo momentos.
Outras ainda consome
Nas sombras dos olhos
Saudades manchadas
Pelas palavras incompletas.
Nas muitas dores,
Aprendi o valor do silencio
Nas horas de alivio.
Também desaprendi
Outras vezes
A direção dos ventos
E os rumos da mente.
Sei...
Sou dores,
Mas não aceito ser muitas.
Dispo sonhos petrificados na poesia.
Meus desejos trazem-me à tona,
Transcendendo as coisas
E impedindo outras tantas.
Algumas gritam,
Nas dobras dos livros.
Outras reclamam nomes.
Deixando rastros do crime.
Quase perfeito.
Afinal,
Sou dores de muitos amores.
Apague a luz ao sair.
E tranque as portas.
Mas deixe um pouco do sorriso para mim.