sábado, 12 de dezembro de 2009

Sábado #1



Todas
as horas

nas suas

duas metades
entornam
na consistência
dos muitos minutos,
a sensibilidade
à flor da pele
inventando
segundos
para cada espera.
E ao longo
do meio fio
o dia

silenciosamente
se esvai
espalhando

pela calçada

sombras
de mais
uma noite
solitária
de luar.
A solidão
densa demais,
machuca.
Preso,

o sorriso
não acontece,
desaparece
nas asas
do desejo
se desfazendo
pelo chão
do quarto
ao som
repletos
de saudades.
A mão

sufoca
o grito

no rosto
amarrotado.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Beco


Arde na tarde o sentimento
de tentar desenhar asas
aos pensamentos saudosos.
E o sol se põem no horizonte

caído dos olhos.

Ecoa nos ouvidos frases ásperas
convertidas em escuridão
para o tato cego de carinho. Além de que entre
outras o beijo frio pago não esquenta

a gélida paisagem do corpo

atravessado em sorriso deserto.
Porém, sabe-se, é demorado,
e o que se espera encontrar ali,
talvez, entre o vento e o silêncio
do caminho percorrido

Sejam as verdades esquecidas

no lado esquerdo do peito.
As ruas, rasgadas pela lua
desembocam no beco
a boca da noite
e largam tempos depois poesias
nos muitos muros pichados da cidade
como quadros de Salvador Dali.

Por onde anda você?

sábado, 12 de setembro de 2009

lágrima


na falta
dos lábios
beijei
com os olhos
carregados
de saudades
e você
não sentiu.
não resisti
refaço
o caminho
de volta
contra o vento
deixando
na calçada
um pouco
de mim.
ah,
nesse contratempo
uma lágrima caiu.

tic tac


o tempo passa,
diante dos olhos
indo na frente
para o passado
percorro-me
onde estou
e deixo passar.
nem o gelo consegue,
nenhuma cola agarra...
o tempo.
não nos pertence,
mas podemos usá-lo.
impossível guardá-lo,
mas podemos gastá-lo.
uma vez findo,
jamais recuperado...
cada vez mais dou valor
aos encontros,
as chuvas,
ao sol
e as nuvens...
a esse tempo de poesias.
quanto tempo demorou
a criação das regras
a que nos sujeitamos agora?

heras

- teimam,
os minutos
nos segundos
ininterruptos,
escorraçar
as horas
nas folhas
brancas borradas
pelas lágrimas
de saudades.
- os poemas
retorcidos
de rimas ressequidas,
oferecem instantes
esfumaçados
na tela
sem paisagens
de um outubro qualquer.
- heras
ultrapassam muros
cobrindo as fachadas
fechadas aqui. Enquanto
o frio, congela o sol
nos olhos de quem ficou.
- os lamentos,
engasgam
as frases vazias
órfãs de palavras
cheias de carinhos
e o tempo arde
nas vontades
á flor da pele.
- os dias
nos seus enganos
apagam rabiscos
da mesa
onde morre
no último gole
o vinho doce
na boca amarga
e no cinzeiro
o cigarro
se esvai
nas espirais
da fumaça.
- poesias
são circunstâncias
inconstantes
onde surgem
o ontem
no hoje,
amanhã.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

descuidando


vou escrever
com cuidado
poesias...
despoemando
todas as rimas
vazias...
deixando
nas entrelinhas
do sorriso...
o beijo roubado
na tarde cinza
de segunda
depois
das três...
bem,
não sei
se é você
se sou eu...
só não
pode ser
nenhum
de nós
nas estradas
por ai...
no descuido
das mãos...
o suor frio
escorre
pela tez...
tem restos
de você
nas minhas
afiadas unhas...
desdigo
o perigo
da perda
pois a merda
da vida
sempre
tem volta
e testemunhas...
o juízo
afinal...
está
nas minhas
digitais
pelo teclado
do note book...
vou cuidar
do que escrevo
descuidando
dos meus ais...
deixando
tudo para trás
menos o amor
que aprendi
pelas estradas...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

à direita, em Campo Grande

Alô Campo Grande, Mato Grosso do Sul.. Seu verde é mais verde.. Teu céu mais azul..Alô Campo Grande não vou te esquecer.. Cidade Morena valeu a pena em ti nascer!!!

Bati à língua entre os dentes
escutando as palavras
frias dos teus olhos
tatuando no pensamento roto
as duvidas e sem perceber,
perdi o achado, e outros,
dentre tantos, e fui esquecido
no canto obscuro da cidade.
Dancei, nas paralelas
do meu cansaço
pelo vazio das suas
estradas obstruídas
pelo senão dos passos
marcados nas rugas do rosto.
Minha atenção eu sei, ou sinto,
são para os momentos
das horas encobertas
pelo pó das vicissitudes
dos minutos. E agora?
Sigo só pelos muros da indecisão
desnorteando as linhas
curvas da poesia.
E a aranha dos dedos
tecem suas teias, no entanto,
não prendem as lembranças perdidas.
Ah, fico então a sorrir
à direita, em Campo Grande,
sentindo a distância de alguém.
Desencontro-me, e,
no retrovisor dos olhos
os seus reaparecem,
causando arrepios
na pele dormente
pelos ventos frios
dos caminhos
do Mato Grosso do Sul.
Mas, ao me ver sem ela
a dor e a solidão
escancaram na janela
desfazendo o céu azul
nublando os olhos meus
deixando na placa ao longe
os olhos seus.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

a chuva


a chuva,
se sobressai ao sol,
cobrindo a mata
com gotas de cristal
desmanchando o barranco
em um rio de barro
pelas ruas da cidade
começa a festa
na tarde coberta
dos pássaros nas árvores
embaladas pelos ventos
de uma nova estação
e canta-se (ou ouve-se)
a nostalgia melódica
e triste da canção
vinda da moça na parada
a espera do amado distante
o rumor de uma lágrima
singrando pelo rosto
se mistura a fragrância
ouro dos cabelos molhados
e ainda desliza longe
descendo rumo ao coração
pois é certo a demora do reencontro
sendo o possível ainda impossível
renasce na iris
a esperança...e desviou
a tristeza dos seus eixos.
a tarde se torna longa, longa
na chuva caudalosa,
com seus segredos
a se decifrar
os passos da moça agora
dança na chuva
ganhando sabor
e a alegria a mantêm em êxtase
por breve momento
os carros quase param
e os sorrisos afloram
na fragrância doce do perfume
a escorrer dos cabelos ouro
como acordes de um violão
num happy hour no meio da rua
na tarde chuvosa.
...e o meu pensamento
completa o espaço apertado, mesmo
ao vento de tão largas avenidas de Brasília.

domingo, 6 de setembro de 2009

chuva na tarde


por causa das chuvas
as tardes escurecem.
há um breve despertar.
flores renascem
em jardins de pouco verde
confirmando as águas de setembro.
é sempre primavera
mesmo quando travestido de inverno.
um dia assim
em tons de cinza em demasia
contrasta com os tons castanhos
dos teus olhos.
(parece tão tolo mas para mim bastariam muitos dias assim)
avessa a tudo
a saudade
impõe-se ao meu desejo de chuva
poesias
de amor
e desamparo.
( o ataque da solidão está a dar cabo de mim)

Charles...desculpa


Um dia desejei ter um cão.
No dia seguinte
Estava o Charles em minha casa.
Destruiu tudo o que havia para destruir.
Lambeu e babou tudo o que desejou.
Um dia cresceu...
Um dia cresci e sai… para longe.
Morreu sozinho!
Morreu por estar só!
Ainda hoje não me perdoo.
Onde estejas Charles… desculpa!
Onde estejas Charles...obrigado!
Pelos dias maravilhosos
Jamais esquecidos.

em mim


(Em mim) sobram palavras, mudas
Escorridas nas lágrimas noturnas
A mente não diz a verdade
E nas poesias escondo
o nome de alguém
(Em mim) falta abraço no apoio
Trigo no joio
Sangue na veia
Seringa na agulha
Linha na costura
(Em mim) resta o olho cegando tudo
Sempre tão perto dos medos
E o amor tão longe...
Sendo o que não devia ser
Só saudades...

a sonhar contigo


...escrevo
nas linhas tortas da poesia
o peso das saudades.
...retrato
no reflexo do espelho
sorrisos de felicidades.
...leio
no desvão dos olhos
o dia incompleto de ontem.
...apesar de tudo
o amor resiste nas penas
do que há de ser
embora não seja.
...planejo
e o coração executa
apesar da ânsia.
...desisto
da chuva sal na vidraça
antes do eclipse dos olhos.
...e durmo
a sonhar contigo.

ampulheta


Sorri
No fundo escuro
Onde as curvas do corpo
Ampara no reboco do muro
Fomes e desejos.
Acaricia
No jardim a pele em flor
Escancarando a boca
No instante esperado
de gozo e dor.
Aperta
O peito nos sonhos
Sustentando a coragem
Ancorando os olhos vazios
Na miragem do tempo já vivido.
As distâncias atormentam.
O prazo de vida vencido
Anuncia na ampulheta
O momento da volta.

dores


Das muitas dores
Esqueci tantas.
Algumas calaram nas frases vazias,
Expandindo momentos.
Outras ainda consome
Nas sombras dos olhos
Saudades manchadas
Pelas palavras incompletas.
Nas muitas dores,
Aprendi o valor do silencio
Nas horas de alivio.
Também desaprendi
Outras vezes
A direção dos ventos
E os rumos da mente.
Sei...
Sou dores,
Mas não aceito ser muitas.
Dispo sonhos petrificados na poesia.
Meus desejos trazem-me à tona,
Transcendendo as coisas
E impedindo outras tantas.
Algumas gritam,
Nas dobras dos livros.
Outras reclamam nomes.
Deixando rastros do crime.
Quase perfeito.
Afinal,
Sou dores de muitos amores.
Apague a luz ao sair.
E tranque as portas.
Mas deixe um pouco do sorriso para mim.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

de quem?




rasgo o dia
nas frases postas
na língua
sob o céu da boca.
bebo
o vinagre acre
das lágrimas escorridas
pelo rosto.
nas chuvas de agosto
costuro os olhos
na parede escura
das pálpebras
saudosas de alguém.
alimento a noite
nos sonhos
de sempre.
escrevo poesias
na face vermelha
pelo choro
na ausência.
de quem?

antes e agora


antes.
o tempo.
era maior.
com dias claros.
noites cinzas.
sonâmbulas.
nas soleiras.
dos olhos.
agora.
um não sei.
dos dedos.
aponta na pele.
o desejo suspenso.
no tempo medido.
de saudades.
antes.
o espaço.
era aconchegante.
repleto de querer.
e fantasias.
segredos.
e felicidades.
agora.
solidão.
e desespero.
e uma multidão.
de sentimentos.
invade.
o caos.
do coração.
antes.
era eu.
e você.
agora.
só resta
o medo.
de acordar.
e sofrer.
a falta.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Michele, cadê você?


Este sentimento
me condena
diz o que não fiz
e sigo no seu encalço
Este frio de ti
é vazio de mim
Este momento
entrega o cansaço
A falta de carinho
sem nenhum embaraço
Este caminho deserto
Percorro sozinho
Na distancia
dos teus abraços
Este vento
de cada dia
Desmancha
na areia
As marcas
dos pés descalços...
Michele, cadê você?

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

ipê amarelo




O vento segue

na ponta dos dedos,

e da língua

com o beijo no rosto

com a companhia do sol

ele vai veloz

e refrescante
pela capital federal

dizer o quanto te amo

pelas praças

fazendo florescer

o ipê amarelo

dobrando de prazer

os olhos

fazendo assobiar

os pensamentos

as letras sussurradas

no ouvido

amante discreta do dia

gemendo baixo

vamos nos entregando

ao belo

este amor nos une

esta paixão consome

quem tão distante parece

solidão do dia



cabelos ao vento
tranças o silencio
ao sabor do tempo
nas poeiras da memória.
me amas ainda?
o medo esfumaça
olhos cinzas
e o corpo invadido
por ondas de arrepios
desmancha no tapete
a solidão do dia.
a lua ilumina a angustia
lábios trémulos de saudades
lágrimas inundam as rugas
de uma dor imensa.
te amo ainda!!!

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

amanhecer




oh abajur...
acalma
esta claridade
opaca
sem brilho.
bem devagar,
meus dedos
descem lentamente
pelo seu ventre
e amanhece em ti.
emolduro
nas folhas
de primavera
nossos segredos.
escondo
nas almofadas
nossos sonhos.
fica comigo
depois
de nascido
o dia.

sem limites

derramo beijos
pelo seu corpo
onde liberto
sensações únicas
de sair de mim
sem limites
para me deter.
às vezes
esbarro comigo
querendo saber
até onde
isso me leva.
se encontro
alguma fronteira
não desisto.
não sou
tão racional
suficiente
não sou indiferente
quando me sentes.
e vou querendo
ir mais longe.
você se deixa ir
não sem mim.
você e eu.
...estrelas sorrateiras
brilham no infinito
que somos.

letras libertas

cor?
não sei a descrição
...está azul.
você já passou
suspirou,
sentiu,
bebeu,
pousou,
pisou...
noutros tempos
as areias brancas.
frases nuas
desejo cru
letras libertas
no canteiro
dos olhos.
o cheiro
de terra molhada
invade a primavera
de setembro
num misto
de saudades
e raios amarelos
de sempre.
na tela da pele
o gosto de canela
devora as horas
nas manhãs
limão refrescante
e o calor do beijo
de cada dia
abre o leque
de opções
no lençol
arco-íris.
afinal,
as preliminares
escreve-se
a dedos...

mais um reflexo




A cor dos meus dias
veste-se em frente
ao espelho
onde apenas sou
mais um reflexo
com receio
de se perder
na dimensão
dos segundos
perdidos sem ti...
o meu mundo
se abre em torno
do sorriso arrebatador
E se entrega
em seu instante
por inteiro.
Há vida no quintal.
Há gosto em mim...
no copo as palavras
se soltam em frente
ao espelho de novo.
 

terça-feira, 18 de agosto de 2009

na varanda




os olhos pedem
por um bis
próximo ao fim
os lábios cerram
os muros dos dentes
na poesia
extraída dos sonhos
talvez distante demais;
nos nós dos dedos
a pele jaz
na alegria
do gozo
contido no beijo
lascivo nos segundos
eterno nas horas
molhadas
nas lágrimas
da língua;
foi apenas um momento
um cochilo rápido
dos ruins é verdade
como o pó.
mas...
valeu o prazer
na tarde
gozada na rede
na varanda
da fazenda
da avó.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

traem-me

Traem-me as lembranças
o calor de seus abraços
as marcas vermelhas
os dedos na pele
os lábios mordidos
o instante do beijo;
Traem-me as sombras
as paredes do quarto
a moldura do retrato
a chuva na vidraça
cigarro no cinzeiro
fumaça sufocante
o copo vazio de uísque
as gavetas vazias;
Traem-me o arrepio
a madrugada fria
o cobertor ausente
o gelo derretido no tapete
telefone mudo
cd arranhado
o vaso quebrado
a alma sente
saudades de ti;
Traem-me os sonhos
noites de insónia
as horas consome
o pouco do nada
poeira na cabeceira
restos de razão;
Traem-me os olhos
lágrimas sentidas
dores da solidão
sexta sem vida
cartas rasgadas
chora o coração.

domingo, 16 de agosto de 2009

Pelo mundo




Tantas estradas,
Tantas encruzilhadas
Tantas avenidas,
Milhões de ruas,
Outras tantas calçadas,
Distribuídas por muitas cidades,
Vilas, bairros, condomínios fechados,
Favelas, becos, ruelas, pinguelas,
Pontes, viadutos, passarelas,
Casas, edifícios e outras contruções
Pelos quatro cantos do mundo.
Muitos segundos
Outros tantos minutos
Criando horas sem fim
Dias...
Semanas...
Meses...
E nada de você em mim!
Por onde andas meu desejo?

vinho tinto

a poesia que me embriaga hoje, é você
bebo cada letra
como um copo de vinho
encorpado...aromático...
saboroso...doce...
saboreio cada gole
com olhos cheios de estrelas
iluminando
caminhos percorridos.
embaralho os dedos
em tua pele
e afogo em seus beijos
meus desejos impossíveis.
e festejo os versos
escritos nos lençóis.

desalento




dos olhos
em momento

de desalento
escorrem lágrimas
entre paredes
ausentes de você.
a saudade grita
em contratempo
devorando a razão
descompassando no peito
as batidas do coração
presente o passado
na manhã cinza escura
a pele ainda sente
o paladar salgado de você
e o futuro sobre o muro
grita palavras obscuras
nas ranhaduras dos tijolos
liquefazendo o azul
esparramados pelo sol.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

anseios

nas paredes
ásperas
das palavras
a pele grita
o rasgo
na poesia
em frases
sem sentidos
explodindo
os sentidos
na poeira
vermelha
e o impacto
dos desejos
sem rumo
pelo espaço
aumenta
a distancia
dos anseios;
nas poesias
rasgadas
a pele áspera
grita palavras
na parede
no vermelho
da poeira
os sentidos
explodem
as frases
sentidas
e o desejo
aumenta
o impacto
da distancia
pelo espaço
sem rumo
dos anseios.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

lírios

Dobra
Degraus
Para cima
A alma.
Borda o rochedo
Palavras escorregadias
Nas pétalas dos olhos.
E a pá lavra na mente
Os lírios do campo.
Brada
Degraus
Para baixo
A lama.
Rosto roto
Sorriso absorto.
Horto vasto
O tempo abranda.
No arquivo bolorento
Sou número
Vivo ou morto.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

furacão

páginas
caladas
reclamam
cores
no olho
do furacão
riscando versos
nos escombros
sorrateiramente.
nas rotatórias da vida
sempre vira a direita
próximo à ilha da fantasia
gastando chuvas
nas horas mortas
de poesias.

girassol




Sol
Gira
A sua flor
Nas manhãs
Dobradas em cores
E nas manhãs cinzas
O carvão rabisca
Na calçada
A flor
Gira
Sol

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

folha caida

O sorriso trai
O pensamento
Numa sequência
Qualquer de mim
Pausando os segundos
Perdidos pelas calçadas
Pelas muitas ruazinhas
Folhas caídas de outras
Tantas poesias
Molhadas sem fim
Nas dores
Todos os amores
São lembrados
 

pombinha




Pombinha
Pele de seda
Desperta
A sede
Incendiaria
De estremecer
Qualquer razão
Inocência
Olhos de menina
Mulher no andar
Sorrisos
Melodias
Nos cabelos sedosos
Boca
Cachoeira de beijos
Calor
Acende incenso
Exala
Perfumes
Vários aromas
De apagar
O bom senso
De qualquer um
Corpo
Inferno de desejos
Cobiçado por muitos
Pombinha
Pálpebras de poucos sonos...
Sinto uma vontade
Gritando nas mãos.
Muitos sonhos...talvez...

quitinete


Almejo a inspiração perfeita
nos detalhes desconhecidos
de segredos e sonhos
impregnados de emoção
suspiro pensamentos
transpirados em perfumes
percorrendo fantasias
na voz vaga-lume
de cada dia
presa em minha íris
Procuro tanto
só encontro você...
Cabelos.
Olhos.
Boca.
Mãos.
Pernas.
Teu corpo é a quitinete do meu ser.

brigadeiro


Poetizo vermes
Na boca da terra
Enlameio
Brigadeiros na festa
Perfumes despertam
Corpos fracos
Nos frascos
À beira da estrada
Beijo
Na boca da noite
Entre suas pernas
Descanso a cabeça
Penetras
Os escaninhos
Das idéias
Naquilo
Onde penso.
Escrevo.
Sinto.
Amo.

sorriso de chaminé


Escarro nas frestas frases desconexas.
Atenção! Proibido cigarros no recinto.
Sorri a chaminé da fábrica.
O ópio da vida
É a droga da morte
Nas horas feitas
Aos segundos nos deslizes
dos eternos minutos.
E quem sofre?
Atoa não sofre
Sofre pelo estado
de direito de alguns...
Presságio na praça podre
A pizza queimou!
Sobrou o caroço da azeitona.
Acetona nos olhos.

pisou fundo


luz tênue.
mistura
de sombras.
negritude
morada
das estrelas.
segredos
da lua.
na via-láctea
toda nua.
pisou fundo...
dos escombros
nasceu
você...
pérola negra...

domingo, 9 de agosto de 2009

degraus


gritam os pés
nas pedras mudas.
cerra a boca
sobram as palavras ruminadas
nos rumos dos ventos.
engole o choro
no soluço sufocado,
temperando as folhas
com o sal das lágrimas.
do cansaço restam
os joelhos nos degraus
do santo predileto.
e a poesia brota a esmo
nas mãos calejadas.
amanhã vou para o interior
em busca de inspiração.
Onde estão as praças?


leite azedo


café requentado.
pão amanhecido.
manteiga rançosa.
mesa bêbada bailando na cozinha suja.
manhã de segunda plena
de olhos ressaca,
depois de um domingo
perdido com o time do coração.
grita versos no verso
da conta de luz vencida três dias.
o açúcar disfarça o azedo do leite.
do jornal com suas verdades e mentiras
pula a parte de esportes.
nada entende fica com a de economia.
o calendário faz a barriga
pedir cobertor no frio sentido
pois era dia de reunião com o chefe metido.
cujo time venceu o seu.
é certa a broxante gozação!
o guardanapo virou papel higiênico
pela falta do mesmo
e no rádio uma canção brega
aumentava a ressaca
completando o pesadelo de uma segunda-feira
pós tentativa de suicídio
na cachaça barata depois do jogo.
-tem nada não, ele vai ser campeão.
murmura a mesma esperança de sempre.

sábado, 8 de agosto de 2009

Falo de uvas


Podia ter acordado com você hoje.
Igual ontem gritando línguas no seu umbigo.
Digo verdades mentindo um pouco, por precaução.
Quem sempre diz verdades?
A certidão entrega quase cinco décadas.
Nesses tempos, dias não passam escorregam ladeira abaixo!
Faço pipas com as folhinhas do calendário.
Cortando o espaço acima de mim vai a rabiola.
Fecho os olhos irritados com a poeira azul caída dos céus.
A calmaria se instala, as pipas descem resignadas.
E o tempo leva os olhos nas madrugadas.
Sempre fui um cara complicado.
Mas nunca aplicado.
Gosto de ficar em cima do muro.
-E às vezes até te procuro.
Nada mais me agrada.
Poesia é uma coisa fácil para quem sabe transmutar.
Percorro seu corpo com a boca dos olhos.
Escrevendo poemas em você com os dedos ávidos de prazer.
Será que você existe?
Destilo o veneno...
Te mordo, me ardo, te mofo no queijo!
Mudo o grito falo na tua língua!
Esqueça de mim se puderes secar
as salivas de tuas uvas.
Será que vai chover?
No copo o vinho aguarda o milagre
de voltar a ser água para quem necessita banho.
Acredito em todos os budas, deuses!
Salve Jorge!!
A ação não ora e é certa a demora do sexo.
O preço sempre aumenta passando o tempo combinado.
Minha mente masturbam minhas idéias.
E gozo poemas com rimas saciadas.
Bebo chá tender orange.
E...
Apago as luzes.
Mais um dia se foi...aproximam-se as cruzes...

escalada


desnuda a alma
uma estranha excitação
aturdida pela cor
ínfima do instante
congelado na íris
espelho embaçado
pelo suspiro na manhã
adormecida ainda
os seios
encravados
imponentes
no continente
prazer de muitas vidas
provocam os dentes
em movimentos contados
pelos dedos ansiosos
do toque
totalmente atento
escalei ferozmente
os lindos montes
e acuado descansei
na caverna só minha
todas as ansiedades
de um novo dia
de amor.

momento sem cor


No momento
sem cor
respira a fumaça
sufocada
invadindo as sombras
instalando solidão azeda
o limão renegado no chão
lambido pelo gato
companheiro de copo
pratos e travesseiro.
Renegadas as unhas cuspidas
morrem sem asas
esboça um indecifrável
sorriso na boca
bolorenta de azia
os olhos vermelhos
pelo renegado
lambido no chão
o gato azeda
nas unhas
a fumaça limão
no copo
morrem as asas
azia na boca
cuspindo o travesseiro
e o companheiro
no momento sem cor
sorri a solidão.

Língua despida


A língua despida.
Mordida,
ressecada,
E esfomeada.
A língua despida,
simplesmente despida,
passeia no corpo.
Os dentes
gritam sensibilidade.
Sensibilidade demais.
A língua se cala.
A saliva trai.
Indicando caminhos já percorridos.
Queria tanto lamber esta língua.
Lambendo esta língua despida,
A pele deixa de ser
vazia,
insípida,
irreconhecível.
Deliciosa língua.
A chama não queima,
não pede,
anseia.
E o corpo?
É todo meu.
E com a língua,
embaralho-me
respirando apressado.
A pele devora a língua,
as horas
e os sabores.

olhos descalços


descalço os olhos
piso nos rastros
das estrelas
seus segredos doridos,
murmuro sonhos
nas palavras beijadas
com um gosto muito de ti,
percorro o abraço
tamanho do mundo
em poucos segundos
bebericando chá de menta
com chocolate,
percorro a cor do caminho
onde os medos
tomam banho de coragem
no colo de mãe,
os ouvidos passeiam
ao vento procurando
a voz de outro sabor
e a sombra
viaja nas pedras
furta-cor,
nas tardes ensolaradas
as roupas no varal
transpiram perfumes no quintal
das memórias espalhadas
pelos cantos do tempo.
no copo água fresca
no corpo vontade imensa...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

areias brancas

pernoitei
nas horas
engessadas
nas areias brancas
bulidas
pela língua
do mar.
matei
a fome
dos dias
de angustias
emoldurando
na alma
todas as estrelas.
saciei
a sede
do irrequieto desejo
no aconchego
cinza
de seus olhos.
e te abraçei
no instante
demorado
onde nascem
ardorosos beijos!

bem-mal-me-quer

o lençol do tempo enrosca
em nosso inverno
arranhando paredes impossíveis
nas noites encardidas
empoeiradas no olhar
de malmequeres
apreende as linhas
quilômetros de suas mãos
na preguiça de abrir
as persianas de mais um dia
na pressa dos segredos dos ventos
investe contra a minha nostalgia
levando a jabuticaba
dos meus olhos
deixando os galhos
totalmente vazios.
o bem-mal-me-quer ficou
nas pálpebras do espelho
nos fios de cabelos soltos
e o travesseiro sozinho
acorda comigo...

esqueci a Baleia


ouve o não sem cor definida,

o silencio grita a boca muda,

a pele coça a tristeza por certo

e os dedos nem chegam perto,

carrega a dor pesada nas olheiras,

respira lentamente a desventura

na hora cheia de ausência cega,

engole o sangue seco de saliva

nos lábios bastante mordidos,

tropeça no canto quando se arrasta,

e só queria da vida uma língua

para aliviar as tantas feridas.

eita mundo cão!!!

esqueci a *Baleia
*Baleia, a cachorrinha de Vidas Secas, obra de Graciliano Ramos.

me perco


me perco quando te encontro
odeio quando te amo
pois é certo o sofrimento
sinto sede quando te bebo
me arrasto quando tu andas
fico cego quando me olhas
me escancaro quando tu abres a boca
me transmuto quando quiseres
sinto delicias quando me açoitas
choro feito criança no carinho
a poeira do seu sapato
é açúcar na minha língua
quando falas me traduzo tateando
introduzo quando me mordes
sacio a fome de você
seus olhos fechados me guiam
e se um dia me deixares
vou junto,
sou o caminho onde pisas.

filha de uma santa


inveja o passado frente ao presente
abortando o futuro no muro dos ventos
onde o gato arrepia o latido do cão
onde treme e teme não achar
o perdido embaixo do cobertor
na noite de olhos fechados
não viu o mundo
nem aquilo tudo
ficou na pele
o esparadrapo podre das ruas
entre as pernas
e a parada de ônibus escancara
a verdade mais nua do que crua
pois a carne já foi amaciada
nos vinagres ácidos da vida
- és puta filha de uma santa mulher...
no chão o chinelo que faltou no lombo
marcando o piso sujo da clínica
no amarelo das lâmpadas da cidade.